22/04/2019 – 05:00
Por Ana Paula Machado – Valor

A Saneamento Ambiental Águas do Brasil vai expandir os investimentos neste ano em tratamento de esgoto em suas 13 concessões municipais que opera. A companhia planeja aplicar R$ 270 milhões, valor 17% superior aos aportes destinados à operação no ano passado, quando foram aplicados R$ 230 milhões.

O diretor comercial da empresa, Carlos Eduardo Castro, disse ao Valor que entre 55% a 60% dos recursos serão destinados para coleta e tratamento de esgoto e 15% para aumento da eficiência para reduzir as perdas de água no
sistema.

“O orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional para este ano em coleta e tratamento de esgoto é em torno de R$ 360 milhões no país. Estamos focados no aumento da eficiência por isso vamos investir em tecnologia e automação, principalmente para reduzir as perdas de água no grupo, que hoje chega a 30%. Nossa meta é chegar em 2022 com percentual de 15% de perdas”, afirmou.

Com esses investimentos e novas concessões que devem ser abertas no país, a Águas do Brasil estima aumentar sua receita em 10% neste ano. Em 2018, o faturamento do grupo alcançou R$ 1,4 bilhão, valor 4,5% maior que o ano anterior. Já o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 504 milhões e o lucro líquido alcançou R$ 270 milhões.

A margem Ebitda chegou a 45,4%, acréscimo de 12,6 pontos percentuais em relação ao apurado em 2017. Segundo o executivo, a margem foi sustentada principalmente pela captura de eficiências operacionais. A dívida líquida consolidada era de R$ 509 milhões.

“Há poucas concessões abertas atualmente. Estamos participando da licitação em Orlândia (SP). A abertura das propostas deve acontecer em maio. Esse mercado poderá crescer mais rapidamente com a publicação do marco regulatório. Sem isso, os municípios vão continuar crescendo a passos de tartaruga”, ressaltou Castro.

O texto final da Medida Provisória 868, que trará as regras para o setor de saneamento, deve ser apresentado amanhã na comissão mista do Congresso. Entre as propostas em estudo está a criação de microrregiões para agrupar municípios viáveis com outros com mais dificuldade de investimento. “Esse mercado precisa de competição, caso contrário, a população está fadada a viver com o esgoto na porta de casa.”

Castro adiantou, ainda, que a empresa está auxiliando a Vale no desenvolvimento do projeto para captação de água para o abastecimento da cidade de Pará de Minas (MG). A Águas do Brasil é a concessionária de água e esgoto da cidade desde 2015 e aplicou R$ 35 milhões no sistema de captação de água do rio Paraopeba. Com o rompimento da barragem da Mina de Córrego de Feijão, em Brumadinho, que atingiu o rio Paraopeba, em 25 de janeiro deste ano, o município ficou com o abastecimento comprometido.

“A Vale vai investir R$ 90 milhões para construir um novo sistema de captação de água para a cidade que deverá estar pronto até abril de 2020. Mas até lá [conclusão da obra], ela [Vale] estruturou um plano emergencial para o abastecimento da cidade. O nosso sistema tinha capacidade de captação de 284 litros por segundo e isso resolveu o problema de Pará de Minas. A Vale tem que fornecer a mesma quantidade que fornecíamos”, afirmou Castro.

Segundo o executivo, o novo sistema de captação do município será feito pelo rio Pará, há 50 quilômetros de Pará de Minas. “É uma situação bem desafiadora, porque tivemos que trabalhar com situações que estavam fora do previsto. Foram reativados poços artesianos, a população está sendo atendida por carros pipa e pela antiga adutora.”