Por Ribamar Oliveira e Fabio Graner – Valor Econômico
03/04/2018 – 05:00
O novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo de Oliveira, deverá iniciar sua gestão desfazendo o rodízio de diretores promovido pelo antecessor, Paulo Rabello de Castro, informaram ao Valor fontes credenciadas do governo.
A ideia é que, ao retomar os cargos anteriores, os diretores tenham condições de operar com mais velocidade as demandas e projetos do banco. Além disso, o governo quer evitar que toda a estrutura de comando da instituição financeira federal fique em processo de transição, limitando isso à nova presidência, que deve ser empossada na próxima quinta-feira.
No dia 20 de março, o então presidente do banco Paulo Rabello de Castro promoveu uma “dança das cadeiras” na diretoria da instituição. As mudanças faziam parte do planejamento estratégico do banco, que projeta cenários para a economia brasileira até 2035.
Entre as mudanças houve o deslocamento de Ricardo Ramos, da área de operações indiretas para a diretoria de investimentos, que inclui a BNDESPar, o braço de participações do banco, que também passou a responder por desestatização.
Eliane Lustosa, ex-diretora da BNDESPar, foi deslocada para a diretoria de estratégia, que inclui a área de planejamento até então ocupada por Carlos da Costa. Este, por sua vez, foi deslocado para a diretoria de estrutura produtiva, incluindo a parte de indústria e serviços e o apoio do banco ao comércio exterior.
Cláudia Prates saiu da área de indústria para a área de originação, recursos humanos e crédito. Essa área é a responsável pela velocidade de execução dos processos dentro do banco e vai cuidar da originação de operações de crédito junto a “unidades regionais” da instituição.
Quando divulgou as mudanças, Rabello disse que objetivo era fazer com que o banco pudesse responder com mais agilidade e eficiência à demanda por investimentos. Curiosamente, uma das críticas feitas às duas gestões anteriores à que se iniciará era sobre a dificuldade de andamento dos projetos.
A nomeação de Dyogo para o cargo tenta atender a um objetivo do presidente Michel Temer de ter uma gestão efetivamente “concluída” no banco, de acordo com as mesmas fontes, já que tanto Rabello de Castro como Maria Silvia Bastos Marques, que foi a primeira comandante da instituição no governo Temer, saíram antes do previsto.
Vale lembrar que Maria Silvia deixou o banco por conta de críticas de que não estava conseguindo fazer o banco funcionar, travando empréstimos e gerando mal-estar entre os funcionários da instituição, que se ressentiam de ela não defender o corpo técnico da casa nas investigações sobre irregularidades em empréstimos realizados no período de forte expansão do banco.
Nesse sentido, o novo comandante terá função de acalmar os ânimos internos da instituição, de forma a gerar um ambiente de maior produtividade e celeridade na liberação de crédito, que vem em queda livre há praticamente dois anos.
A escolha por Dyogo tem, de certa forma, menos custos de transição para a instituição, já que o banco está sob o guardachuva do Ministério do Planejamento, que será comandado pelo atual secretário-executivo da pasta e presidente do Conselho de Administração do BNDES, Esteves Colnago Júnior, conforme anunciado pelo Planalto.
A definição de Dyogo como novo presidente do banco estatal não significa, explicaram as fontes, uma ordem para ampliação indiscriminada da instituição, como alguns têm sugerido. A ideia é facilitar o acesso ao crédito disponível no banco, que hoje tem farta liquidez, mesmo considerando-se a necessidade de devolução de R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional ainda neste ano.
Pressionado pelo Tesouro, Rabello de Castro já havia se comprometido a realizar esse pré-pagamento até o terceiro trimestre deste ano. O Ministério da Fazenda pediu para o banco adequar esse calendário aos vencimentos de títulos públicos.